sexta-feira, 10 de abril de 2009

ENSINO À DISTÂNCIA: BOM OU RUIM?

Carlos Antônio dos Santos

Na revista veja de 12 de abril de 2009 temos um artigo muito interessante de Claudio Moreira Castro, especialista em assuntos da Educação, em que o mesmo tece alguns comentários importantes sobre o ensino à distância. Veja, na íntegra, a publicação do mesmo:


Claudio de Moura Castro claudio&moura&castro@cmcastro.com.br Embromação a distância?
"No seu conjunto, as avaliações não deixamdúvidas: é possível aprender a distância"
Novidade incerta? Mais um conto do vigário? Ilustres filósofos e distinguidos educadores torcem o nariz para o ensino a distância (EAD).
Logo após a criação dos selos de correio, os novidadeiros correram a inventar um ensino por correspondência. Isso foi na Inglaterra, em meados do século XIX. No limiar do século XX, os Estados Unidos já ofereciam cursos superiores pelo correio. Na década de 30, três quartos dos engenheiros russos foram formados assim. Ou seja, novo não é.
Ilustração Atômica Studio
EAD significa que alunos e professores estão espacialmente separados – pelo menos boa parte do tempo. O modo como vão se comunicar as duas partes depende da tecnologia existente. No começo, era só por correio. Depois apareceu o rádio – com enorme eficácia e baixíssimo custo. Mais tarde veio a TV, área em que Brasil e México são líderes mundiais (com o Telecurso e a Telesecundaria). Com a internet, EAD vira e-learning, oferecendo, em tempo real, a possibilidade de ida e volta da comunicação. Na prática, a tecnologia nova se soma à velha, não a substitui: bons programas usam livros, o venerando correio, TV e internet. Quando possíveis, os encontros presenciais são altamente produtivos, como é o caso do nosso ensino superior que adota centros de recepção, com apoio de professores "ao vivo" para os alunos.
Há embromação, como seria esperado. Há apostilas digitalizadas vendidas como cursos de nomes pomposos. Mas e daí? Que área escapa dos vigaristas? Vemos no EAD até cuidados inexistentes no ensino presencial, como a exigência de provas presenciais e fiscalização dos postos de recepção organizada (nos cursos superiores).
Nos cursos curtos, não há esse problema. Mas, no caso dos longos, o calcanhar de aquiles do EAD é a dificuldade de manter a motivação dos alunos. Evitar o abandono é uma luta ingente. Na prática, exige pessoas mais maduras e mais disciplinadas, pois são quatro anos estudando sozinhas. As telessalas, que reúnem os alunos com um monitor, têm o papel fundamental de criar um grupo solidário e dar ritmo aos estudos. E, se o patrão paga a conta, cai a deserção, pois abandonar o curso atrapalha a carreira. Também estimula a persistência se o diploma abre portas para empregos e traz benefícios tangíveis – o que explica o sucesso do Telecurso.
Mas falta perguntar: funciona? Prestam os resultados? Felizmente, houve muita avaliação. Vejamos dois exemplos bem diferentes. Na década de 70, com Lúcia Guaranys, avaliei os típicos cursos de radiotécnico e outros, anunciados nas mídias populares. Para os que conseguiam se graduar, os resultados eram espetaculares. Em média, os alunos levavam menos de um ano para recuperar os gastos com o curso. Em um mestrado de engenharia elétrica de Stanford, foi feito um vídeo que era, em seguida, apresentado para engenheiros da HP. Uma pesquisa mostrou que, no final do curso, os engenheiros da HP tiravam notas melhores do que os alunos presenciais. Os efeitos do Telecurso são também muito sólidos.
Para os que se escandalizam com a qualidade do nosso ensino superior, sua versão EAD é ainda mais nefanda. Contudo, o Enade (o novo Provão) trouxe novidades interessantes. Em metade dos cursos avaliados, os programas a distância mostram resultados melhores do que os presenciais! Por quê? Sabe-se que a aprendizagem "ativa" (em que o aluno lê, escreve, busca, responde) é superior à "passiva" (em que o aluno apenas ouve o professor). Na prática, em boa parte das nossas faculdades, estudar é apenas passar vinte horas por semana ouvindo o professor ou cochilando. Mas isso não é possível no EAD. Para preencher o tempo legalmente estipulado, o aluno tem de ler, fazer exercícios, buscar informações etc. Portanto, mesmo nos cursos sem maiores distinções, o EAD acaba sendo uma aprendizagem interativa, com todas as vantagens que decorrem daí.
No seu conjunto, as avaliações não deixam dúvidas: é possível aprender a distância. Cada vez mais, o presencial se combina com segmentos a distância, com o uso da internet, e-learning, vídeos do tipo YouTube e até com o prosaico celular. A educação presencial bolorenta está sendo ameaçada pelas múltiplas combinações do presencial com tecnologia e distância.
Claudio de Moura Castro é economista

quinta-feira, 5 de março de 2009

ELOGIOS E RECONHECIMENTO

ELOGIO E RECONHECIMENTO
Carlos Antônio dos Santos
Esse é o título do artigo publicado na revista Indústria de Minas, da Fiemg, por Eloi Zanetti, especialista em marketing e comunicação corporativa. É impressionante as semelhanças que encontramos do relato com as situações da nossa vida no dia-a-dia. Diz o artigo, que Akira Kurosawa, hoje cineasta, era considerado por todos e até por ele próprio um “completo imbecil”. Era uma pessoa totalmente inexpressiva durante sua vida de infância e até a adolescência.
Mas foi um professor de Arte que, vendo um de seus trabalhos na sala de aula teceu alguns comentários colocando-o em destaque na sua turma e enaltecendo suas qualidades, até então nem vistas por ele, com “demorados elogios”.
Foi o bastante para ele se enxergar e dar um rumo à sua vida, e carregar consigo aquele elogio, e passou a fazer tudo por merecê-lo.
São inúmeras as situações que encontramos em que as pessoas debocham de colegas e amigos inibindo um potencial que poderia ser desenvolvido. Também são inúmeras as oportunidades que temos de tecer comentários elogiosos às pessoas que nos cercam e que poderiam, como o professor de Arte de Kurosawa, ser o norte para muitos, e infelizmente não nos damos conta disso.
Na maioria das vezes é preciso que alguém perceba as qualidades ou mesmo o potencial de alguém, que possa ser desenvolvido, e teça um elogio demonstrando um reconhecimento de um aspecto positivo da pessoa.
Conta-se no artigo em questão que, estando o autor viajando pelo interior do Paraná na companhia do músico Luiz Gonzaga, o rei do baião, durante uma breve parada numa churrascaria de beira de estrada Luiz Gonzaga perguntou ao garçom que o serviu, em voz alta: “Moço, você é o dono do estabelecimento, não é?” Recebendo um não, obviamente já percebido pelo músico, mas este ainda disse: “É, mas não vai demorar muito e você vai ter a sua própria churrascaria. Tenho observado o seu trabalho, e você tem tudo para ser o dono do seu próprio negócio”.
Agora, imagine o garçom recebendo um elogio desses em público e ainda mais por uma figura como Luiz Gonzaga.
É interessante também notar que até uma certa fase de nossas vidas não conseguimos enxergar as oportunidades que nos cercam ou mesmo o meio em que estamos. O adolescente na maioria das vezes se volta para questões irrelevantes próprias de sua idade e nos faz pensar: como é possível que ele não perceba a importância de certas coisas que nós, pais ou professores ou mesmo como simples adultos queremos que ele valorize?
Quando adultos nos tornamos profissionais e especialistas em algum tipo de atividade, mas se não formos notados enquanto alunos e adolescentes também seremos como o cineasta: invisíveis aos olhos dos outros.
Devemos praticar essa não tão difícil atitude do professor de Arte: elogiar as pessoas mostrando a elas e a todos o seu lado positivo. Vamos estar ajudando muita gente a encontrar seu caminho.